O som e a palavra.
 
Em volta de fogueiras os Seres ora dispunham do prazer do calor ou se lembravam do som do espirro. O fumo trazia o som da tosse e assim os Seres Humanos foram aprendendo a comunicar a temperaturas amenas onde o frio e o calor extremo não se faziam. Também os animais não se aproximavam por medo do fogo o que fazia essencial o antropomorfismo para recriar o Mundo. Nesta recriação do Mundo o Ser Humano via-se a si mesmo espelhado tal é a magia do círculo Humano e sentia a magia do calor a passar nos corpos para os lhes dar a mesma temperatura. Comer, sonhar, cantar, o eixo do Mundo passou a ser o fogo. Na fogueira a aglomeração dos seres trazia a fórmula perfeita para se entenderem. A palavra tem origem no som. A sua eternidade é tentada pela escrita ou pela inscrição na pedra. Ao momento pela informática. Mas se para muitos o som está sempre em harmonia com a Natureza para outros o som vem-se desvincular da simbiose do canto das aves com a dança das folhas no vento. O Ser Tribal manteve o som patrimordial com recurso a um eco permanente. Uma lembrança mais eterna que a escrita na rocha ou a informática. O significado que muito mais profundo é passa de ser em ser permanentemente como eletricidade. O som molda-se aos seres e aos seus ritos. Neles se fala de tradição oral. Mas mais que uma tradição. Ali é o lugar onde se vê. Onde todos são som. Onde as melodias se talham nas mentes para se eternizarem no objetivo do Ser. O som é a forma de comunicar do Ser Tribal. Os nossos sons estão muito distantes da Natureza Primordial. Os cânticos que nos trazem provocam vertigem mesmo se os já ouvimos. A distância é tal que a tradução se revela impossível. Apenas se conseguem imagens aproximadas. Pois o timbre de um som é sempre igual mutando-se no cântico somente. O nosso discurso foi feito para registos. Não temos a magia nas palavras se bem que a podemos encontrar. Depois de esgotarmos um dicionário podemos colocar sons em simbiose com os existentes. Por esta razão decidi dar relevo à fonética para formar:
Lambiência, Orbituário, Arcolizar, Iridiscência, Internidade, Hermenâutica, Falosofia, Mortinidade, Descravidade, Didoscália, entre outras. As hipóteses são infinitas e a linguagem é infinita. Herdamos sons que reproduzimos até nos dizerem estarem errados. Mas o acto é um ato? Essas disparidades de fonética e escrita merecem pouca reflexão para a construção de uma identidade cultural. O prazer de cantar não é o objetivo fulcral da nossa linguagem mas torná-la nossa e fazer dela um legado sim.

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